É comum no conhecimento popular brasileiro a tradicional história da feijoada: um prato criado pelos escravos, misturando numa panela de feijão preto várias partes do porco que eram rejeitas pelos seus senhores, como pé, orelha e rabo, para dar mais sabor ao prato. Porém, fatos históricos mostram que essa história não é verídica.
Feijoada completa de domingo!
Primeiramente, boa parte dos escravos trazidos ao Brasil eram muçulmanos (sendo eles os que protagonizaram a Revolta dos Malês na Bahia), e a religião islâmica proíbe o consumo carne de porco.
Em segundo lugar, a feijoada é similar a outros pratos europeus, os chamados “cozidos”, como a paella espanhola (feita com arroz) e o cassoulet francês (com feijão seco), além, claro do cozido português: uma mista de vegetais, peixes e carnes cozinhada lentamente em fogo baixo.
O cozido foi provavelmente o que originou a feijoada, substituindo-se os vegetais pelo feijão preto, natural da América do Sul e muito plantado no país na época, sendo seu cultivo uma herança guarani. A ideia foi também levada para Portugal e adaptada à culinária local: o feijão preto deu lugar ao feijão branco ou vermelho (dependendo da região), em conjunto com o uso da carne de porco ou de vaca em detrimento dos outros tipos de carne, junto com a adição de outros vegetais, como tomate e cenoura.
Quarta-feira é dia de almoçar feijoada em São Paulo. Aqui em BH, a tradição é na sexta, mas quem se importa? A feijoada do Jota é boa qualquer dia!
A “feijoada à brasileira” como a nossa feijoada típica ficou inicialmente conhecida (mesmo dentro do país), inicialmente era servida somente na sua forma básica: feijão preto e carnes, às vezes acompanhada por farinha de mandioca. Sem arroz ainda. No início do século XIX, a “feijoada à brasileira” já era popular no país, sendo servida em hotéis do Nordeste e “improvisada” por famílias mais pobres usando os restos de carne de outras refeições. Ela rapidamente tornou-se uma iguaria do país, sendo inclusive servida na Casa Imperial. Era muito comum a venda de carne preparada especialmente para serem usadas em feijoadas.
A adição de outras comidas ao prato, como laranja, couve refogada e o clássico arroz, é mais recente: o prato foi se incrementando com o tempo, assim como seus “parentes” europeus, e varia de acordo com a região: alguns lugares usam feijão mulatinho ao invés do preto, outros preferem carne fresca ao invés de carne seca e carne de sol, além de outros países lusófonos (como Angola, Moçambique) e até não lusófonos terem suas próprias versões da feijoada. Em alguns lugares pode não haver laranja, couve ou farinha para acompanhar, mas hoje em dia o arroz está sempre presente.
Uma feijoada serve para qualquer comemoração, é como uma sinfonia de feijão preto cozido com pedacinhos e temperos reconfortantes, servida com arroz, laranja, couve, cervejas geladas e/ou caipirinhas. A mais pura definição da cozinha saborosa do Brasil incorporada com influências culturais e combinando ingredientes de influência das tradições culinárias portuguesa e africana ocidental, responsáveis pela sua combinação única de especiarias, gosto e profundidade de sabor. A versatilidade deste prato significa que nunca haverá duas feijoadas iguais e cada cozinheiro do país tem a sua própria opinião sobre este clássico da culinária brasileira.
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Parabéns pelo conteúdo, além de ser claro é bem explicativo!
Muito bom, parabéns!
Boa tarde!
Falta mais profundidade na pesquisa, não acha?
Apesar da rica história que descreve, Minas Gerais é o berço da feijoada.
Meu pai viveu isso e tem histórias de bisavôs sobre o tema em Minas Gerais.
Minha mãe, excelente Dona de Casa e exímia cozinheira, tinha também histórias de família sobre a feijoada bem antigas.
Aonde? Claro, Minas Gerais.
Abraços.
Olá amigo! Bem, é que eu não sou assim formado em história! A gente faz o que pode… risos
Espero que tenha gostado do texto. Grande abraço!
Legal esse conteúdo. Ainda não tinha visto matérias desse tipo de conteúdo em outros blogs. Bom conhecer mais sobre nossa tão amada e querida feijoada.
Adoro uma feijoada estou ansioso para fazer essa receita, parece uma delicia.